Marc Chagall foi um artista excepcional, e um ser humano que sobreviveu a duas grandes guerras. Ao ler sobre sua vida, fiquei bastante impressionada com o quão ativa foi sua vida na maturidade: além de suas pinturas que o fizeram famoso, também descobriu os vitrais aos 70 anos, e os pintou magistralmente.
Como podemos ver os setênios (períodos de sete anos) marcados na vida deste grande ser?
Primeiro setênio (0-7) – “O Mundo é Bom”
Chagall nasceu em 1887 em uma família judaica de origem humilde, sendo o mais velho de nove filhos. Foi educado em uma escola religiosa. Seu trabalho é amplamente influenciado por sua vida religiosa e pela vila em que nasceu e onde esteve confinado, devido à sua origem judaica. Seu biógrafo diria que, apesar de ter se tornado um artista internacionalmente conhecido, o escopo de sua obra nunca ultrapassaria as lembranças das paisagens da sua cidade.
Segundo setênio (7-14) – “O Mundo é Belo”
Além dos setênios, vivemos vários outros ciclos. O ciclo jupiteriano, por exemplo, tem 12 anos. Normalmente nessa fase, ou próximo a ela, o pré-adolescente pode ter um vislumbre de sua vocação. O ciclo jupiteriano tem a ver com a criatividade, a profissão e também a expansão,
Aos 13 anos, Chagall foi enviado para a escola secundária russa. Foi lá que, ao ver um colega desenhando, teve uma epifania e, seguindo seu conselho, passou a copiar figuras de livros.
Chagall foi incrivelmente impactado pela beleza, tão importante neste setênio, e a replicou na sua vida através de sua arte.
Terceiro setênio (14-21) – “O Mundo é Verdadeiro”
O nodo lunar, que ocorre aos 18,5 anos, é uma oportunidade para se reavaliar a própria trajetória, deixando para trás o que não serve mais e recalculando a rota.
Nesta ocasião, Chagall começa a estudar pintura, mas não se sente identificado com a escola, tendo mudado alguns meses depois.
Ali, seu mentor passa a sugerir que ele abrace sua ancestralidade, incorporando-a em sua arte.
Reproduzir em sua arte sua “verdade” foi a chave para o sucesso do artista.
Quarto setênio (21-28) – “Centauro”
No setênio em que o homem se funde com a experiência, Chagall conhece Bella Rosenfeld, que se tornaria sua musa e, aos 28 anos, sua esposa.
Muda-se para Paris e conhece também Picasso, que afirmou que, depois de Matisse, Chagall era o único que realmente entendia de cores. Disse: “ele deve ter um anjo na cabeça”.
Em 1914, aos 27 anos, com o estouro da Primeira Guerra Mundial, fica em sua cidade natal, já que as bordas haviam sido fechadas. Decide ficar famoso para ser aceito como marido de Bella, já que seus pais se preocupavam com como iria sustentá-la. Começa a pintar imagens mais bucólicas e seu trabalho ganha visibilidade.
Quinto setênio (28-35) – “Cavaleiro”
Neste setênio, o homem quer saber como o mundo está organizado e como se organizar. Quer fazer o contrário do que fez dos 21-28: se viajou, quer agora criar raízes.
Chagall casa-se, aos 28 anos, e instala-se em sua cidade natal. Mesmo com o fim da Primeira Guerra Mundial, a Guerra Civil Russa continuava e Chagall e sua família, que agora incluía um filho, passaram por muitas dificuldades financeiras.
Sexto setênio (35-42) – “Andarilho”
Chegamos à “metade” da vida, a idade de 35 anos, onde então nada acontece a não ser que o indivíduo seja motivado internamente, e a não ser que ele mesmo se mova para fazer acontecer.
Por ocasião do segundo nodo lunar, temos novamente a oportunidade de revisar a vida e escolher um novo caminho. Aos 36 anos, Chagall escolhe voltar para Paris.
Sétimo setênio (42-49) – Espelha o setênio de 14-21
A verdade experienciada na adolescência, agora toma um aspecto pessoal, e o mote passa a ser ser “verdadeiro comigo”.
A missão de vida começa a aparecer mais fortemente e tem a ver com essa motivação intríseca que apareceu no setênio anterior, quando a vida não está mais sendo tão fortemente determinada pelas circunstâncias externas.
Foi neste ciclo que Chagall conheceu Israel pela primeira vez, onde se sentiu em casa. Recebeu lá a comissão de pintar o Novo Testamento, ou seja, de pintar a verdade na qual sempre acreditou. Foi um período extremamente produtivo e, na volta à França, produziu 32 peças.
Oitavo setênio (49-56) – Espelha o setênio de 7-14
Com o crescimento do nazismo, Chagall recebeu ajuda e partiu com sua família para a America após ter seu nome incluído em uma lista de artistas que os Estados Unidos deveriam proteger – No setênio que espelha aquele em que ele encontrou a arte, sua arte o salvou.
Sua cidade Natal foi devastada pelos alemães, e Bella, sua esposa, morreu abruptamente quando Marc tinha 56 anos.
Chagall decide parar de pintar por um tempo – por ocasião da crise causada pelo terceiro nodo lunar, cuja pergunta é: “O que ainda tenho para realizar?”
Nono setênio (56-63) – Espelha o setênio de 0-7
Aos 57 anos, Chagall escreve um poema lamentando ter um dia saído de sua terra.
No setênio denominado “Nova Vida”, conhece Virginia e começam uma relação que dura sete anos (um setênio), tendo também com ela uma filha.
Aos 59 anos, logo após o fim da guerra, o MOMA em Nova Iorque faz uma grande exibição de seus trabalhos. Aos 60 anos, Chagall volta à viver em Paris.
Após os 63 anos – “Anos livres”
Nos chamados anos livres, não temos mais uma influência tão grande do impulso que trazemos do passado, do que viemos fazer.
Nesta época, Chagall casou-se novamente e expandiu seu campo artístico. Sua obra, nas palavras de seu biógrafo Goodman, traduziam seu mundo interno e externo. O artista pintou os famosos vitrais, murais, palcos e trajes de teatro, tapeçaria, cerâmica e cultura, trabalhando até as 16:00 do dia de sua morte, aos 98 anos – uma maturidade inspiradora e extremamente produtiva.
A importância de fazer a revisão de sua biografia
Este é apenas um pequeno exemplo de uma biografia rica. À medida em que revisamos nossa biografia de forma sistematizada, podemos ver lá nossas forças, habilidades, como superamos obstáculos e o que ainda podemos fazer na maturidade.
Fica aqui o meu convite para que você comece hoje!