Há épocas na vida em que nos sentimos infelizes com razão: uma doença na família, uma situação de desemprego, depressão, morte, divórcio, ou qualquer outro infortúnio.
Em outras épocas, porém, parece que tudo está perfeito: temos uma moradia, um emprego, um parceiro que se importa, saúde – exceto que, por dentro, estamos insatisfeitos. E aí, além de nos sentirmos infelizes, existe a culpa por estarmos nos sentido assim. Afinal, temos a sorte de ter um teto sobre nossas cabeças.
Se você já tentou exercitar a sua fé ou a sua gratidão e não deu efeito, talvez a ciência tenha uma explicação para isto: você pode estar se sentido infeliz por uma questão evolutiva mesmo.
Já ouviu falar sobre adaptação hedônica da felicidade? Os cientistas descobriram que a felicidade não dura muito. Se você quer um carro, para dar um exemplo mais básico, aquela “felicidade” vai durar enquanto durar a novidade: o cheiro de novo, contar pra alguém que vai vibrar pela sua conquista, e depois vai passar a ser uma coisa normal. Ou seja, emoções positivas de uma situação positiva tendem a declinar com o passar do tempo. E aí vem a questão evolutiva: o cérebro começa a querer “outra” novidade, o que vai impedi-lo de ficar sempre acomodado numa situação confortável.
Um outro tipo de adaptação hedônica é tentar estimular a duração de emoções positivas ao aspirar uma situação positiva. Aliás, usamos isto em coachingpara que o cliente sempre seja incitado a buscar os seus gols.
Imagine que, se não fosse este impulso, não seríamos impelidos a melhorar: buscar nosso propósito, por exemplo, seria exceção, pois desde que tivéssemos um emprego estável, tudo estaria resolvido. Buscar um companheiro e formar uma família? Para que? “Estou tão bem assim.” Acabaríamos nos conformando até com o que é ruim.
A solução? Segundo estes mesmos cientistas, vai desde abster-se do que dá prazer para aumentar este mesmo prazer (exemplo: deixar de comer chocolate para que quando você o faça seja realmente especial), passando por ouvir música positiva, até baixar as suas aspirações.
A minha preferida, porém, é a que fala sobre tentar manter a felicidade trazida por uma novidade ao otimizá-la. Em outras palavras, não deixar uma situação cair na rotina. No caso de um relacionamento, por exemplo, fica fácil pensar em como fazê-lo. Já no caso de um bem-estar trazido pela compra de um bem material, como uma casa, podemos pensar em renovar sua decoração em uma loja de antiguidades, ou fazer bom uso dela: dar festas, oferecer um churrasco, mudar os móveis de lugar, arrumar um canto para meditação, transformar um dos quartos em um ateliê, fazer uma pequena reforma. Quanto ao carro, pode ser usado para explorar lugares novos a cada fim de semana (o que, de sobra, ainda vai renovar seu relacionamento).
O importante é manter uma atitude positiva e aproveitar a jornada enquanto vai atrás das conquistas!