Já há algum tempo venho pensando sobre os dois lados da moeda no que diz respeito à terapeuta e paciente.
Cada um é responsável por sua própria evolução, mas isto não significa que o terapeuta não tenha que olhar o que em si mesmo não está facilitando o processo daquele paciente.
Vou dar um exemplo: há alguns anos estava fazendo terapia quando a profissional me avisou que tiraria 6 semanas de férias em Julho. Ela já tinha tirado 3 semanas na Páscoa. Eu estava numa fase muito difícil e pensei: “se eu vou ter que lidar sozinha com isso agora, então eu vou lidar pelo resto da vida”, e não voltei mais. A terapeuta pode ter assumido: “ela não está comprometida com o tratamento”, sem pensar qual era a responsabilidade dela na minha decisão.
O mesmo se dá com relação à mudanças efetivas, à ação. Vejo que as terapias muitas vezes estão focadas no problema: “o seu sabotador é o crítico, ou a vítima” ou “você está sendo movida pelo medo ou pela escassez”. Pra mim falta um elo entre apontar o problema e o que vai levar à transformação e ao fazer.
E aí não adianta só dizer que o paciente não quis se ajudar: está faltando uma parte importante no seu trabalho, o que está fazendo com que o paciente não se comprometa com a ação.
Coaching tem sido tratado por muitos como um vilão, mas nesse sentido ele é uma ferramenta efetiva, já que foca na solução do problema e no que motiva aquela pessoa a agir.
Se o coach vai usar seus valores para isso, vai explorá-los para que fique claro o que te move pra ação. Se o seu valor maior é a liberdade, por exemplo, saber disto é muito vago – o que é liberdade pra você pode não ser o mesmo pra mim. Pra mim liberdade é não estar amarrada à um emprego das 8 às 6, não ter patrão para me dizer o que fazer, ter flexibilidade de horários. Pra outra pessoa pode ser ter dinheiro para fazer o que quer, e isto vai influenciar sua ação de maneira diferente que vai influenciar a minha.
Mas às vezes nem este trabalho é suficiente. Rudolf Steiner, criador da Antroposofia, diz em seu livro A Filosofia da Liberdade que são necessárias uma destas três motivações para que a força de vontade (will) motive uma ação:
– desejo de fazer o bem;
– pela evolução da humanidade;
– amor por uma ideia recebida através da intuição.
Este pode ser um dos motivos pelos quais você anda procrastinando, ou pelos quais sua ideia não sai da cabeça (ou do papel). Se a sua motivação está em outra pessoa (seus pais, companheiro, chefe) ou simplesmente numa necessidade de pagar as contas, pode ser difícil levantar da cama de manhã.
Se no momento você não está sendo motivado por nenhuma dessas três coisas, primeiro aceite isso e saiba que está tudo bem. Depois pode começar se abrindo para receber, através da intuição, uma ideia pela qual se apaixone. Você pode fazer isso através de exercícios para ser mais intuitivo, como a meditação ou caminhadas na natureza.
Por enquanto, abra-se para as possibilidades! Parece pouco, mas é o começo da mudança.